quarta-feira, 28 de janeiro de 2009
sobre poesia...
terça-feira, 27 de janeiro de 2009
MORADIA
Oswaldo Montenegro
Quando eu era criança meus amigos queriam ser militar, médico, engenheiro, jogador de futebol... E havia até mesmo um que eu admirava mais porque queria ser bombeiro.
Eu queria ser... calmo. Não sou. Às vezes finjo e canastro. Não conheço a tal da paz. Alegria e emoção, sim. Mas serenidade nunca experimentei.
Aos 10 anos olhava meu pai curtindo o domingo e tentava imitar. Falhava.
Tudo bem, eu me iludia, é que ele tem mais de 30 anos.
Hoje, aos 52, as coisas sambam no meu peito como se um Olodum acelerado me habitasse.
Estou devorado pela ansiedade, animado, correndo e tenso. Paro um pouco pra retificar: não é bem tenso, é voraz.
Acordo pronto pra devorar o mundo. Admiro as coisas plácidas, mas gosto da febre da arte. Aí sim, a volúpia parece adequada.
E é ali, só ali, exclusivamente ali, para sempre ali, que eu quero morar.
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